lunes, 9 de septiembre de 2013

O taxidermista

Enquanto caminhava pelo bosque coberto de neve, escrutinando cada detalhe da paisagem: observando insetos e animais, arrancando musgos, recolhendo gravetos, pedregulhos, rochas e tudo o que pudesse ajudá-lo a compor um novo trabalho, o doutor Fausto imaginava qual seria sua próxima realização. O empalhamento do diabo-da-tasmânia, na primavera, rendera-lhe um bom dinheiro, além de reconhecimento e fama. Vários museus o procuraram para agendar uma consulta, isso o ajudava a resignar-se da frustração por não ter formado uma família.

A profissão extremamente minuciosa exigia-lhe horas a fio de estudo e dedicação. Foi por isso que decidira mudar-se para a floresta, onde o contato com a natureza servia-lhe de inspiração e o ajudava a manter o equilíbrio mental.

Finalmente, após longos anos de solidão e esquecimento, alcançara a almejada posição entre os mais respeitados e renomados taxidermistas. Ansiava por iniciar seu próximo trabalho. Foi então que, perdido em seus pensamentos, sentiu que pisara em alguma coisa. Abaixou-se para ver o que era e encontrou o cadáver de um corvo parcialmente coberto pela neve. Removeu-o com cuidado, enquanto balançava a cabeça negativamente. O estado da ave era lastimável: magra, as penas ralas e opacas. Pensou em deixá-la ali onde a encontrara, mas o desafio de devolver-lhe a aparência que tivera em vida convencera-o a levá-la para casa.

Mais tarde na cabana, enquanto ouvia Bach e sorvia uma sopa, examinava o corpo deitado encima de uma folha de jornal. Nesse momento sentia certa soberba, ao saber que tinha o poder de devolver ao corpo inerte um sopro de vida e conservar-lhe a aparência por toda a eternidade.

Abriu sua maleta e retirou um pequeno bisturi. Colocou a ave sobre a prancha com o ventre voltado para cima, ajeitou as penas e lentamente, pressionou o bisturi contra a carne até abrir uma incisão por onde retirou as vísceras. O sangue do animal já estava coagulado devido ao frio, o que facilitou sobremaneira o trabalho.

Uma vez que retirara as entranhas, virou a ave do avesso e começou a esfolamento, desprendendo a pele do corpo, encaminhando-se para os membros inferiores, indo até a coxa, a qual descarnou e procedeu à desarticulação. Minuciosamente, foi desprendendo a pele parte por parte, chegando às asas, até atingir o crânio e retirar os miolos da caixa craniana por meio de um grosso arame.

Subitamente, o cientista sentiu uma dor aguda no estômago e uma pressão na cabeça que o fez cambalear, começou a tossir e engasgou-se com a própria saliva. Ao recuperar o fôlego, passou o pó arsenical sobre a pele da ave, para conservá-la. Já eram duas da manhã, e o doutor tremia de frio, encostou a mão na face e percebeu que estava com febre. Deixou a ave sobre a prancha e foi dormir.

A noite foi longa, virou-se inúmeras vezes de um lado para o outro, sentindo fortes cólicas intestinais, tremores e dores de cabeça. Pesadelos e alucinações o atormentaram a noite toda. Quando finalmente a luz do sol penetrou pelas frestas da persiana, levantou-se com dificuldade; o corpo lhe doía, parecia que levara uma surra.

Espantou-se ao ver sua imagem refletida no espelho: a pele amarelada e opaca, os olhos fundos e injetados, rodeados por profundas olheiras, começou a tossir convulsivamente. Retomou o fôlego e retornou ao trabalho - Estava ficando muito bom.

Procurou a palha de madeira e o arame para dar forma ao corpo antes de empalhá-lo. Passou dias ocupado na montagem da armação de arame, preenchendo o corpo da ave para dar maior firmeza aos membros. Com auxílio de uma haste, encheu a ave com palha de madeira até completar o corpo todo enquanto ouvia Chopin.

De repente sentiu o corpo enrijecer, caiu ao chão e uma convulsão o sacudiu por completo até que perdeu os sentidos. Acordou de madrugada, fraco e tonto com uma sensação de embriaguez. Arrastou-se até a cama e caiu no sono.

Duas semanas mais tarde, olhava estupefato para o o corvo imponente em sua armadura de arame, exibindo um semblante altivo e forte. As penas estavam cheias e reluzentes. O aspecto era sublime. O doutor foi até o banheiro para lavar-se e teve um sobressalto ao ver o rosto coberto de manchas e pústulas, deveria ser impressão sua, mas o cabelo estava mais grisalho que de costume.

Parecia haver uma inexplicável relação entre a viçosidade da ave e a deterioração do corpo do doutor.

Preparou uma xícara de café com leite e retornou à ave. Costurou o ventre, colocou os olhos de vidro, endireitou as penas, deu duas demãos de verniz transparente e retocou o bico com tinta da mesma cor. Fixou o corvo sobre um galho e este sobre uma base de madeira envernizada, esmerando-se no acabamento, a fim de realçar a beleza da peça.

O doutor não continha a satisfação: a posição da ave dava-lhe um aspecto natural perfeito, o brilho dos olhos... Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Foi dormir satisfeito, apesar do mal-estar e da febre.

No meio da noite, começou a ter alucinações: o grasnido de um corvo ecoava em seu ouvido, a ave revoava pelo quarto, batia-lhe com as asas na cara; um calor tomou conta de seu corpo, uma dor aguda, as garras do animal rasgavam-lhe a pele; a ave furiosa bicava-lhe as vísceras. Eleonora, a única mulher que amara de verdade, ria alto e perguntava "Quando é que você vai brincar de Deus novamente?… Nunca mais, nunca mais" - sussurrava em seu ouvido. O corpo do doutor despencou no vazio e caiu numa enorme caixa cheia de pó de arsênio, sentiu a garganta secar, sua pele ardia e rasgava-se de tão esturrada, quis gritar, mas a língua seca não respondia a seus comandos...

Dias depois, um policial que verificava a denúncia de desaparecimento do taxidermista, arrombou a porta da cabana e encontrou o corpo dessecado, duro, mumificado, o ventre aberto e oco. As cavidades oculares vazias: aparentemente um animal comera-lhe as córneas.

viernes, 1 de marzo de 2013


CANASVIEIRAS

Canasvieiras tem barcos, tem u m rio, tem sujeira

Suas águas tem peixinhos, águas vivas muito ardor

Suas noites muita vida, muita pizza muito amor

Canasvieiras, a cana é tua herança Sr. Vieira

Sua paisagem é uma viagem

Ao paraíso imaginário do mortal

Canasvieiras: milho verde, choripão, queixo

Castanha do Pará, caipirinhas, água de côco,

Óculos, bikinis, vestidos, cangas, relógios

Chapéus, cestos, colares, bijus,

Sanduíches, empanadas, cadeira guarda sol,

Caiaque, banana, abacaxi,

Canasvieiras é assim...

Ainda temos o argentino, nordestino, baiano, afriacano

Nesse mix a vida segue  sazonal, nada mal, Senegal, fio dental........

jueves, 28 de febrero de 2013

Escrivivimos





En verano y frente al mar terminamos una temporada más del escriviviendo. Las asignaturas como las series de Tv tienen muchos capítulos, a veces buenos, a veces malísimos. Hay días que no te da la gana verla, hay días que no te la quieres perder. Y siempre terminan en el mejor momento, dejándonos con sabor de boca. Espero que el escriviviendo 2012 haya servido para recargar la energía creativa que tanto nos niegan.
¿Cuáles son las mejores imágenes de la temporada? Cada uno escoge, claro. Junto algunas que particularmente me tocaron:
el personaje grosero de Renato, siempre en los bajos fondos, siempre en busca de alcohol y mujeres que se puedan pagar, pero con una tristeza permanente en los ojos; la isla en los relatos de Diogo, que saben a mar y a memoria de pueblo; las luces de Ju, que iniciaron el blog como una lluvia de colores y lo cerraron llevando esos colores a  nuestro interior (inmensos saltos hacia el infinito); la crueldad refinada de Bárbara, con historias que ponen los pelos de punta, pero que impiden dejarlas, de tan bien construidas; la delicadeza de los textos de Grazi, que dependen de un detalle, leve como el viento (no me quito de la cabeza aquel muchacho que saltó por la ventana); la capacidad de capturar lo complejo y abstracto de Beatrice (el paso del tiempo pasando por mí); las palabras-ladrillos de Elys, dibujando historias emocionantes, como la del vestido rojo en el lago; el trabajo con la lengua de Patrícia, buscando siempre un relato denso, amarrado; los personajes chistosos de Ismael (la abuela de Sid, el poemita ososo) y una imagen deliciosa del cielo; la pesquisa persistente por el lenguaje de Luciana; el collage de Cecilia: receta para los enigmas del ser; el árbol mágico de Celia: Guarapuvu; la tristeza hecha palabras de Dijuliana, para encontrar su propio camino; el pájaro mirando al cielo de Lorena (nos sentimos así tantas veces); las esperas de Liliane; y la naturaleza en las cosas de Pedro, como esta foto, que me encanta:




Espero que lo hayáis pasado bien, sintiendo la escritura y la imaginación como lo más nuestro, un aliado, que nos dice, nos resucita, nos deja gritar, pero que también nos permite construir nuestro mundo.

Gracias por acompañarme este semestre. Fue muy bueno aprender con vosotros.


Meritxell

¿Continuaciones? eso nunca se sabe, depende de la audiencia.


jueves, 10 de enero de 2013

Invitación

¡Buenas a todos!

¡Un feliz 2013, repleto de alegrias, salud, amor y conquistas para todos!

Disculpad la intromisión, pero como alumna de esa persona y profesora extraordinaria, Meritxell, publiqué en este blog en 2011 por ocasión de una asignatura llamada Produção Escrita em Espanhol I y ahora me gustaría invitaros a conocer mi blog:

tradutoradeespanhol.blogspot.com.br

Es un blog sobre traducción de español, literatura, gramática, cultura y curiosidades.

Aún es un "bebé" tiene solo algunos días de vida, pero con vuestras sugerencias seguro que quedará mucho mejor.

¡Gracias y saludos a todos!

sábado, 29 de diciembre de 2012


GARAPUVÚ

Célia Jaramillo

Outubro  chegou, ela floresceu

De verde amarelo a ilha ficou

Seu tronco é esbelto, sua flor amarela

Oh! Como a ilha está bela!!

Canoas fizeram quando aqui chegaram

De verde impregnada a ilha encontraram

E como aquarela também aparece

A flor amarela

Que belas canoas com ela fizeram,

do índio aprenderam e embora encontraram

Palmeiras, roseiras, pitangas, bambus,

E a mais bela espécie

do Garapuvú.

 
Hacer un poema con las palabras: bruxa, avião e  Everest.

"A bruxa era de Floripa
mas com muita pretensão
um dia deixou a ilha
 se embarcou num avião,
levou também sua vassoura
pois queria mesmo ir embora
uma hora voo de avião
mas faltava mais emoção,
a sua alma era agreste
e buscando o vento leste
caiu fora do avião e
foi parar no Everest."

lunes, 17 de diciembre de 2012

Alas de tinta azul

- Voy a extrañarte.
- Por que? Ahora tienes alas, sabes escribir.
- Mi mano ya no sabe agarrar el bolígrafo sin deleitarse con la tinta azul, eso es vicioso.
- El mundo es tuyo, escribeo.

Los girasoles

La ventana se abre con el viento, y al percibir que habían girasoles en el jardín, se seca la lágrima y se saca la cuerda del cuello.
¿Por qué no? Nueva optativa Producción Escrita en Español III, y con...


domingo, 16 de diciembre de 2012