lunes, 8 de octubre de 2012


Agora que me lembro

Os Güegüechos de nome José e Agustina, conhecido pelo povo como Dom Chepe e Tina Menina, contam meus anos com grãos de milho. Somando de um em um da esquerda para direita, como os antigos pontos que marcavam os séculos nas pedras. A contagem dos anos é triste. Minha idade me faz entristecer.
- O influente feiticeiro de Chipilín – fala a Menina Tina – me privou da consciência do tempo, compreendido como sucessão de dias e anos. O Chipilín, a árvore da pálpebra com sono, destrói a ação do tempo e devido a sua virtude se chega ao estado que se inteiraram os caciques e os velhos sacerdotes do reino.
- Ouvi o cantar – fala Dom Chepe - o guardabarranco durante a lua cheia, e seu gorjeio tocou-me docemente até deixar-me lindo e transparente. O sol não me viu e os dias passaram sem tocar-me para prolongar minha vida, para toda vida, alcancei o estado de transparência sob o feitiço do guardabarranco.

Renato e Luciana.


Selva a dentro, o bosque vai estreitando caminhos. As árvores caem como moscas em teias de maldade selvagem.  E a cada passo, as lebres ágeis do eco saltam, correm, voam. Na amorosa profundidade da penumbra: o tuteio das pombas, o uivo do coiote, a corrida das antas, o passo do jaguar, o vôo do facão e meus passos despertam o eco das tribos errantes que vieram do mar. Foi aqui onde começou seu canto. Foi aqui onde começou sua vida. Começaram a vida com a alma na mão. Entre o sol, o ar e a terra dançaram ao compasso de suas lagrimas ao nascer da lua. Aqui, sob as árvores de Anona. Aqui, sobre a flor de cerejeira.

Grazi e Elys

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